Cansados de esperar por uma resposta do governo às reivindicações, categorias demonstram disposição em manter e ampliar o movimento grevista Em menos de um mês da última marcha nacional do Fórum de Entidades dos Servidores Federais, realizada em 18 de julho, servidores em greve voltaram à Brasília na quarta-feira, 15 de agosto, para cobrar do governo Dilma uma resposta às pautas de reivindicações. A Marcha Nacional de hoje contou com a presença de cerca de 10 mil servidores de várias categorias em greve por revisão salarial e reestruturação das carreiras, incluindo Judiciário Federal e MPU, professores e técnicos administrativos das universidades e centros de ensino tecnológico, policiais federais, funcionários das agências reguladoras e servidores do Executivo Federal, incluindo Incra, MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário), Funasa, Ministério da Saúde e AGU. Os manifestantes se concentraram na tenda do acampamento armado na Esplanada dos Ministérios, de onde saíram em caminhada, passando pelo Palácio do Planalto e encerrando o ato em frente ao Bloco C do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG).
Desde o lançamento da Campanha Salarial, em fevereiro deste ano, essa é a quinta grande manifestação do funcionalismo público federal em 2012. Mas sem dúvida alguma, a Marcha de hoje teve um foco diferente das outras, que são as agendas marcadas pelo governo para esta semana, por meio da Secretaria de Relações de Trabalho do Ministério do Planejamento, com entidades nacionais para discutir as principais reivindicações dos diversos setores. Até agora, no entanto, as negociações não avançaram e nas reuniões realizadas nesta terça e quarta-feira com setores da base da Condsef (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Serviço Público Federal) o representante do governo, Sérgio Mendonça, mais uma vez encerrou as conversas sem apresentar qualquer proposta que atenda às demandas dos servidores. A Marcha tinha como principal objetivo pressionar para que o governo apresentasse uma resposta nessas reuniões, marcadas após a própria Secretaria de Relações de Trabalho desmarcar as que estavam previstas para o dia 31 de julho.
Na altura do Ministério da Previdência, a coordenadora Jacqueline Albuquerque, que falou em nome da Fenajufe, reafirmou a necessidade da luta unificada do funcionalismo federal, cuja greve vem aumentando a cada dia, com a adesão de novas categorias ao movimento. “A greve se estende por todo o país, em manifestações que os servidores dizem não à política do governo, que baixou uma medida anti sindical e antidemocrática. Queremos cobrar de Dilma uma outra política e não aceitaremos a postura do governo em não apresentar propostas às categorias em greve. Os servidores estão parados para dizer um basta a essa política que só beneficia os banqueiros”, disse Jacqueline, que também falou da greve dos servidores do Judiciário Federal e do MPU, há sei anos sem reajuste. “A nossa categoria está há seis anos sem revisão salarial. E a cúpula do Judiciário dá a mão forte ao governo nas decisões contra a greve do funcionalismo, aprovando ações que restringem o nosso direito. Não vamos aceitar o Decreto 777 e essa marcha é para dizer “Dilma, revogue esse decreto e negocie com os servidores’”, pontuou a dirigente sindical.
Servidores do Incra ocupam MPOG por cerca de 3 horas
Na terça-feira, 14 de agosto, mesmo dia em que o secretário de Relações de Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, tinha uma agenda com entidades do funcionalismo, servidores do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), em greve desde o dia 18 de junho, ocuparam o sétimo andar o Bloco C do MPOG, onde normalmente ocorrem as reuniões. Do lado de fora, dando força ao movimento, cerca de 200 manifestantes do Instituto aguardavam os desdobramentos da ocupação.
Segundo o servidor Acácio Leite, integrante do comando de greve e diretor da Assera-DF (Associação dos Servidores da Reforma Agrária em Brasília), mais de 40 pessoas participaram da ocupação, que teve início no final da tarde e durou em torno de 3 horas. De acordo com Acácio, na reunião setorial para tratar das reivindicações dos servidores do Incra, o governo não apresentou uma proposta de negociação e remarcou um novo encontro para o início da próxima semana. “Nós ocupamos para pressionar o governo e mostrar que estamos dispostos a radicalizar”, disse o servidor do Incra.
Das 30 superintendências do Incra e Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), 28 estão em greve. Os servidores pedem a reestruturação da carreira e a paridade com os servidores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Acácio Leite explica que no Incra a categoria recebe em torno de 40% do salário dos colegas do MAPA. “Somos uma carreira semelhante e recebemos um salário muito inferior.”, afirmou Acácio.
Os servidores do Incra deixaram o Bloco C do Ministério do Planejamento, por volta das oito da noite, em solidariedade às entidades que tinham agenda marcada com o secretário de Relações de Trabalho. No entanto, apesar de os jornais da grande imprensa terem dito que as reuniões com o Sinasefe e a Fasubra foram canceladas em função da ocupação do Incra, há informações de que Sérgio Mendonça já teria uma reunião agendada para o mesmo horário com a ministra Miriam Belchior.
Fonte: Fenajufe -Leonor Costa