Cada vez mais os termos filantropia e trabalho voluntário ocupam o vocabulário da população brasileira. Quem já teve a oportunidade de fazer qualquer atividade voluntária sabe o quanto é bom, compensador e proveitoso ajudar o próximo. Aliás, o fato de exercer a solidariedade, sem esperar nenhum tipo de gratificação ou recompensa, tem-se tornado um importante diferencial para as pessoas e as empresas. Essa atitude tornou-se sinônimo de seriedade e compromisso social, trazendo vantagens para aqueles que a praticam, sejam pessoas físicas ou jurídicas.

Não restam dúvidas de que o terceiro setor exerce um papel fundamental em toda a cadeia social. Dessa forma, a transparência das entidades sem fins lucrativos, em relação à prestação de contas, aos serviços oferecidos e aos recursos recebidos torna-se vital para a sua sobrevivência.

Por esse motivo, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), em parceria com a Associação Nacional dos Procuradores de Justiça de Fundações e Entidades de Interesse Social (Profis), a Fundação Brasileira de Contabilidade (FBC) e a Academia Brasileira de Ciências Contábeis (Abracicon), lançou o Programa Doar (Direção do Orçamento na Aplicação de Recursos).

O Programa Doar foi constituído com dois objetivos: o primeiro deles é fornecer informações para o correto planejamento financeiro das pessoas e suas famílias, principalmente no atual cenário brasileiro em que as classes sociais estão se movimentando e ascendendo economicamente.

A segunda vertente do Programa Doar, e na qual pretendemos nos fixar, tem por meta promover maior qualidade na prestação de contas das entidades do terceiro setor. A contabilidade é essencial para a solução das dificuldades e dos conflitos que as organizações assistenciais enfrentam neste momento. Acreditamos que a transparência acerca de uma prestação de contas formal e profissional é mais do que uma necessidade, afinal, só ela é capaz de incrementar a comunicação com os diversos personagens interessados e envolvidos no processo, que exigem uma resposta tanto para os investimentos em espécie, quanto para o resultado do trabalho.

Unicamente por meio da transparência teremos, no terceiro setor, distinções éticas, que possibilitarão e reconhecerão os papéis sociais, políticos e econômicos das entidades filantrópicas. Com o Doar, os dirigentes das organizações assistenciais terão a oportunidade de ser capacitados, por meio de cursos, treinamentos e seminários, promovidos pelo CFC e seus parceiros em todo o país.

Dessa forma, será possível gerar informações que contribuam para uma adequada avaliação do desempenho das entidades que encontram, hoje, muitas dificuldades nos assuntos relacionados à prestação de contas. Essas instituições serão informadas sobre qual é a melhor forma de utilizar os recursos e como devem ser fornecidos os dados para que os investidores sociais possam verificar o montante arrecadado, sua destinação e os resultados alcançados.

A parceria do CFC com todos os agentes envolvidos demonstra seu compromisso e responsabilidade com a sociedade. É uma importante forma de conscientização que estará vinculada à administração estratégica, como um tópico contínuo e irreversível. O Doar trará maior qualidade aos serviços prestados pelas entidades filantrópicas, contribuindo com a imagem positiva dessas instituições e aumentando a confiança dos doadores e da população.

Sem dúvida, esse fato garantirá a sustentabilidade da organização, ampliando a percepção da sociedade em relação ao terceiro setor e à relevância dos serviços contábeis. O Doar será de grande valia para o desenvolvimento social.

Juarez Domingues Carneiro

Presidente do Conselho Federal de Contabilidade (CFC).

Fonte: Monitor Mercantil