A demissão de agentes autônomos que atuam como pessoas jurídicas (PJ) internamente nas pequenas corretoras será o caminho para o mercado de intermediação de produtos financeiros eliminar seus passivos trabalhistas e buscar parcerias e fusões para superar a crise do segmento.
“Até o início de 2014 não teremos mais nenhum agente autônomo operando para nós. Estamos arrumando a casa para crescer de forma saudável”, admite o diretor da Corval Corretora, Carlos Fraga. No ano passado, a instituição teve prejuízo de R$ 2,5 milhões e espera retomar resultados positivos até o final de 2013. A Corval possui R$ 200 milhões em custódia e 400 clientes.
Segundo o diretor, a exemplo da corretora onde atua, outras casas estão no vermelho e reestruturando seus negócios. “Tínhamos 10 escritórios, agora são 4, fechamos recentemente o de Porto Alegre, estamos fechando o de São Paulo e vamos ficar apenas em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Recife. As margens estão muito apertadas”, diz Carlos Fraga.
Para sair da crise, a solução encontrada foi eliminar o número de agentes autônomos e buscar os selos de qualificação da BM&FBovespa. “Os selos de melhores práticas do varejo e de execução de ordens são os pré-requisitos para termos clientes como fundos, seguradoras e bancos”, diz o diretor.
Para o diretor do Easynvest Título Corretora, Marcio Cardoso, a crise do setor só encontrará saída no médio prazo. “Estamos observando uma reestruturação em várias corretoras. Há algumas que já estão operando para outras corretoras e a base de negócios está muito estreita. Muitas estão no prejuízo e certamente vamos ver algumas fechando e outras candidatas a fusões e aquisições. Há muita corretora e pouco investidor”.
Ele diz que o momento é de paciência e que tem muitas corretoras perdendo dinheiro com a saturação do mercado institucional. “O que sobra em potencial é o varejo que representa apenas 15% do mercado. Estamos no azul e executando os investimentos necessários para o crescimento desse público”, argumenta.
Mas, segundo Cardoso, essa saída da crise não se dará no curto prazo entre o final de 2013 e o início de 2014. “Falta confiança na economia brasileira, mesmo nosso mercado financeiro sendo desenvolvido e seguro, somente alguns players de varejo da Europa, dos Estados Unidos ou da Ásia talvez tenham interesse em operar no Brasil no médio prazo, mas se os preços aqui estiverem muito convidativos”, afirma o diretor.
Oportunidades
No atual momento abre-se a oportunidade para diversas corretoras nacionais buscarem parcerias e fusões com corretoras estrangeiras para operarem diretamente no Brasil.
“Desde que a Receita Federal facilitou a emissão de CPFs [Cadastro de Pessoas Físicas] para investidores estrangeiros abriu-se a possibilidade de parcerias entre corretoras. O sistema de cadastramento da CVM [Comissão de Valores Mobiliários] pode ficar pronto até o final de agosto”, diz o diretor-presidente da agência Brasil Investimentos e Negócios (Brain), Paulo Oliveira.
Segundo o diretor, a BM&FBovespa já está preparada para atender esse novo universo de pessoas físicas no exterior. “O sistema de negociação BEI [Brazilian Easy Investy] vai permitir que os clientes internacionais possam operar diretamente no Brasil. As corretoras americanas, por exemplo, vão ter as telas em inglês para que os clientes possam emitir suas ordens e fazer o câmbio na moeda local”, exemplificou.
Em setembro, a Brain vai participar da missão Best [Brazilian Excellence in Securities Transactions] do mercado financeiro brasileiro na Ásia e Oceania. “Nossa missão será mostrar que investir diretamente no Brasil é mais seguro, mais fácil e mais barato, do que indiretamente via ADRs [recibos de ações] ou produtos sintéticos que simulam índices brasileiros”, diz o diretor.
Oliveira diz que os produtos sintéticos estrangeiros englobam contratos e derivativos de variações de preços brasileiros. “Há mais investidores estrangeiros expostos a investimentos no Brasil fora do Brasil, do que estrangeiros expostos ao Brasil no mercado doméstico”, expõe a contradição.
Entre os parceiros da Brain na missão estão a BM&FBovespa, Cetip, a Federação de Bancos Brasileiros (Febraban), a Associação das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), e representantes do Banco Central (BC), CVM, Tesouro e Apex. O Best terá eventos em Tóquio (Japão), Sydney (Austrália), Beijing e Hong Kong (China) e Cingapura.

 

Fonte: DCI – SP