Por Cassius Coelho

Batendo na mesma tecla, mas com notas mais graves

Desde criança comecei a participar dos movimentos classistas, levado pelos meus pais. Recordo dos discursos e falas que ressaltavam a importância de valorização da classe contábil. Isso nos idos de 1985 mais ou menos.

De lá pra cá muitas gestões passaram pelos conselhos e entidades e continuamos a propagar, ouvir e discutir sobre a necessidade de valorização da classe contábil.

Quase 30 anos depois e ainda são muitos os debates relacionados à falta de valorização da classe e lamentações por parte de muitos profissionais que reclamam que não estão sendo valorizados como deveriam, que os empresários não querem pagar os honorários adequados pelos serviços prestados, que o fisco e diversos órgãos públicos desprezam a importância dos profissionais da contabilidade e que os próprios colegas de profissão se desvalorizam com o aviltamento de honorários.

Refletindo sobre o que de fato acontece e na posição de gestor e presidente atual do CRC-CE, procurei entender os diversos aspectos que poderiam influenciar ou ser os causadores de tantos anos de “descaso” ou de desvalorização para com a profissão e entendo que a visão sobre a questão precisa ser posta por outro ângulo.

Gosto de comparar a valorização profissional a um relacionamento entre um casal. Muitas vezes exigimos ser amados, queridos, respeitados, mas sequer nos amamos como pessoa, nem cuidamos de nossa saúde, de nossa aparência e reclamamos por que o parceiro deixa de gostar, ou não nos ama o quanto gostaríamos de ser amados, e ficamos sem entender por que os relacionamentos acabam.

Na ótica profissional vejo da mesma forma. Não adianta reclamarmos que nosso cliente não nos valoriza, não quer pagar os honorários que julgamos ser justo, ou ainda que os órgãos públicos não nos dão o devido valor, se nas oportunidades que temos de levantar a bola e nos valorizar, muitos sucumbem e praticamente se sujeitam a cobrar valores ridículos por serviços de altíssimo risco, com prazos cada vez mais apertados e multas confiscatórias e que exigem conhecimentos especializados que foram adquiridos a custa de muito sacrifício e investimento em capacitação e treinamentos.

Claro que há exceções, que nos deparamos como empresários desonestos, com servidores públicos corruptos ou coisas que o valham, mas não creio que isso seja a regra.

Defendo que precisamos buscar, incondicionalmente, reconhecer o nosso valor, olhando de frente para os desafios e demandas de nossa profissão, e cônscios de nosso papel enquanto profissionais e da importância que temos para a sociedade empresarial, mostrarmos que podemos e devemos ser reconhecidos pelo que somos.

Contador que cobra esmola como se honorários fosse, está na hora de começar a repensar a profissão que escolheu e mudar o rumo!

Fonte: blog do sped