R$ 100 bilhões das economias dos brasileiros aplicados em fundos de investimento conservadores vão render menos do que a poupança a partir do próximo dia 30, quando o BC deve reduzir os juros para 8,5% e a caderneta começar a render 5,95% (70% da taxa Selic) ao ano.
Feito a pedido da Folha, estudo do economista Rafael Paschoarelli, professor da USP, revela que 25,8% dos R$ 387 bilhões aplicados em fundos DI, de renda fixa e de curto prazo oferecidos pelos bancos renderiam mais se estivessem na poupança.

O levantamento trabalha com a TR a zero, cenário mais provável a partir de junho, e desconsidera os fundos fechados e os voltados a investidores profissionais.
Ao todo, são 205 fundos dos 531 dos mais populares que cobram a partir de 1,28% ao ano de taxa de administração –comissão cobrada pelos bancos para cuidar do dinheiro dos clientes.
Com essa taxa, os fundos terão rendimento líquido de 5,83% em um ano, considerando Imposto de Renda de 17,5% (alíquota para resgate em 361 dias) –menos do que os 5,95% previstos para a nova poupança.
Títulos
Segundo Paschoarelli, a alíquota de 17,5% do IR é a mais indicada na comparação com a poupança em um ano por ser também usada pelos bancos para recolher o imposto devido.
“Esses fundos devem perder para a poupança. Devem, porque vários deles vão fazer algo para render um pouco mais. Possivelmente, deverão comprar títulos de empresas privadas, que rendem mais mas também têm risco maior”, disse Paschoarelli.
Para o consultor Mauro Halfeld, a indústria de fundos vai ter de “suar a camisa” para mostrar serviço e merecer uma boa remuneração.
“Seria ótimo que ela começasse a comprar títulos privados porque esse é um mercado que precisa ser desenvolvido no Brasil; o setor produtivo ganharia muito. E o investidor teria a oportunidade de ganhar mais, correndo um risco administrado através da diversificação. É uma grande tarefa que os fundos podem executar”, disse.
Outra opção para os fundos ficarem mais rentáveis seria diminuir as taxas de administração. Nos últimos anos, porém, os gestores preferiram reduzir os valores mínimos de aplicação de fundos com taxas menores, oferecidos a clientes de alta renda.
“A indústria se move assim. É mais fácil deixar o cliente ir para um fundo melhor do que alterar o custo de um que já existe”, disse o especialista Luiz Calado.
Fonte: Folha UOL
Escrito por: Toni Sciarretta