A rede francesa Carrefour vai processar a empresa de auditoria Deloitte em razão dos prejuízos com a unidade varejista no Brasil, informou nesta quinta-feira o jornal francês Le Figaro, citando fontes não reveladas. Em dezembro de 2010, o Carrefour registrou 550 milhões de euros (721 milhões de dólares), em provisões para cobrir depreciações, ajustes nos estoques, impostos, riscos sociais e descontos a fornecedores no Brasil.

Problemas com a auditoria – O peculiar mercado varejista brasileiro permite que as redes recebam descontos de seus fornecedores na compra de produtos – o que no jargão do varejo leva o nome de ‘verba promocional’ ou ‘bonificação’. Tais quantias não estavam sendo discriminadas de forma correta nos demonstrativos financeiros há cerca de cinco anos, gerando parte do rombo do Carrefour.

O site de VEJA apurou que outra parte do passivo pode estar relacionada a problemas com a provisão de despesas judiciais, tal como no caso da Brasil Telecom. A KPMG, que assumiu a auditoria da rede no último trimestre, teria colocado as despesas possíveis e remotas contidas nos demonstrativos elaborados pela Deloitte como provisão de despesas prováveis. Desta forma, se o Carrefour vencer as ações judiciais em questão, talvez, em 2011, o que era rombo poderá se transformar em caixa.

Em comunicado anterior, a auditoria se exime de qualquer culpa. “Esses ajustes foram definidos pela administração da matriz do Grupo Carrefour e não foram submetidos à auditoria da Deloitte no Brasil. Portanto, não temos como nos posicionar a respeito e entendemos que estes em nada modificam as demonstrações financeiras de anos anteriores, auditadas pela Deloitte”, afirma o documento. Os ajustes, de fato, foram levantados neste trimestre por outra auditoria. No entanto, a Deloitte não quis explicar como não reparou nos problemas contidos nos demonstrativos. O grupo Carrefour trabalha em auditoria conjunta com as duas empresas – tanto na matriz como em todas as filiais. Em 2009, pagou 5,7 milhões de euros à Deloitte e 6,1 milhões de euros à KPMG para realizarem seus trabalhos.

O Carrefour não quis comentar a reportagem do jornal Le Figaro e nenhum representante da empresa de auditoria Deloitte estava disponível para falar sobre o assunto. 

(Com Agência Estado)

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