Com a compra da Terco pela Ernst & Young, anunciada na semana passada, a concentração deve aumentar ainda mais
O mercado de auditoria de grandes empresas no Brasil é mais concentrado do que sugerem os dados disponíveis até o ano passado. Levantamento feito pelo Valor com as 200 maiores empresas abertas por ativos mostra que as quatro grandes do setor – PricewaterhouseCoopers, Deloitte, Ernst & Young e KPMG – tinham 81% dos clientes e receberam 96% do total gasto pelas empresas com serviços de auditoria em 2009, no valor de R$ 382 milhões.
Com a compra da Terco pela Ernst & Young, anunciada na semana passada, a concentração deve aumentar ainda mais. Sobe para 88% no total dos 200 clientes e atinge 99% do faturamento total obtido com eles. Apesar de ter 10% dos clientes dessa amostra, a BDO, quinta firma do mercado, fica com apenas 1% da receita.
A partir deste ano, as empresas estão obrigadas a divulgar o quanto pagam a seus auditores. Antes, a única referência era um ranking da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por número de clientes, que mostra um domínio muito menor das quatro grandes: 59% do mercado, ou 65% depois da fusão.
A lista da CVM, com 532 companhias abertas, inclui pequenas holdings e sociedades de propósito específico que possuem pouca relevância em termos econômicos ou em horas de auditoria. O problema desse ranking é que uma Petrobras, por exemplo, com um grupo de 307 empresas, tem o mesmo peso que companhias de participação “de papel”, não operacionais.
As chamadas “Big Four” dominam os principais mercados mundiais, seguidas de longe pela BDO e Grant Thornton. No Brasil, a situação não é diferente, mas nos últimos anos a Terco, associada à Grant Thornton, vinha obtendo participação relevante entre as empresas que abriram capital, com destaque nas construtoras.
Do grupo de 104 companhias que lançaram ações na Bovespa desde 2004 e que já divulgaram seus dados, a Terco tinha 13% do total de clientes. Esse percentual se aproxima dos 15% registrados tanto pela PwC como pela Ernst & Young no mesmo critério, embora ainda esteja distante dos 21% da KPMG e dos 30% da Deloitte entre as novatas.
Apesar de estar na quarta posição em termos de clientes no ranking da CVM e também no do Valor, a PricewaterhouseCoopers tem a liderança em termos de receita obtida com serviços para as 200 maiores companhias abertas. Tem na carteira os três melhores contratos do mercado em 2009 – Itaú Unibanco, Bradesco e Vale – e faturou R$ 132 milhões.
Fonte: Fernando Torres, de São Paulo -10/08/2010 – Valor Econômico