Detalhando a Controladoria e Gestão, compartilho texto de um bate papo entre o Andre L. Fajan e Ronnie, visão que podem nortear aos profissionais da área.

 Ronnie de Sousa: Qual a melhor definição para Controladoria?

André L. Fajan: Fazendo uma analogia, a Controladoria seria o alicerce de uma organização.

Atuando como suporte, através de seu conhecimento profundo das operações e visão privilegiada dos processos, reúne informações operacionais, financeiras e contábeis para suprir a alta administração com dados fundamentais para que as decisões sejam tomadas na direção correta.

Ronnie de Sousa: Qual a missão, objetivos e responsabilidades da Controladoria em uma empresa?

André L. Fajan: A missão da Controladoria é suportar a os gestores da empresa, controlando, informando e influenciando para que os resultados planejados sejam alcançados.

Para isto é fundamental que a Controladoria tenha independência para garantir que as normas, procedimentos e controles internos sejam seguidos e que atue de forma ativa como “parceiro do negócio”, ajudando na interpretação das informações e direcionando a empresa para alcançar melhores resultados.

[Ronnie de Sousa] Quais são as informações produzidas pela Controladoria?

[André L. Fajan] São muitas. Além dos relatórios e indicadores de performance, para gerenciamento da organização, fornece informações ao mercado e acionistas através das Demonstrações Financeiras, bem como, informações para os Governos Federais, Estaduais e Municipais, fruto da escrituração fiscal.

[Ronnie de Sousa] No organograma empresarial, onde esta posicionada a Controladoria e quais departamentos devem ficar sobre sua responsabilidade?

[André L. Fajan] Em geral a Controladoria está inserida na Área Financeira e sob a responsabilidade de um Vice Presidente ou Diretor de Finanças.

Hoje em dia, tenho visto muitas variações no mercado e, em muitos casos, agrupam várias áreas que não deveriam estar sob a responsabilidade do Controller, como por exemplo, Tesouraria.

Em uma estrutura “ clássica” teríamos: Contabilidade e Custos, Planejamento e Controle (Orçamento e suporte ao negócio) e Planejamento Tributário.

Ronnie de Sousa: A controladoria esta restrita a grandes empresas? Pequenas e médias podem implantar Controladoria, quais os desafios?

[André L. Fajan] Não necessariamente. O mercado está cada vez mais exigente com relação a clareza e transparência das informações. Adicionalmente, o Governo tem exigido cada vez mais informações das empresas.

Com isto, para empresas médias já é uma necessidade eminente ter uma área de Controladoria.

Para empresas pequenas não ter a área propriamente estruturada não significa que alguém desta organização não possa exercer as atividades básicas de uma Controladoria.

O maior desafio nos casos das médias e pequenas é influenciar a organização para que assuntos antes sem prioridade passem a ter importância, como por exemplo, a implementação de processos e controles internos.

 [Ronnie de Sousa] Um Controller precisa necessariamente ser um contador? Quais as qualificações necessárias para exercer esta função?

[André L. Fajan] Idealmente sim, mas não necessariamente. O Controller tem que ter um conhecimento multidisciplinar, mas é fundamental ter excelentes conhecimentos de Contabilidade e Custos.

É fundamental que tenha excelente comunicação e poder de influência para que possa ser reconhecido como suporte da organização.

[Ronnie de Sousa] Qual o papel do Controller na empresa, ele pode tomar decisões ou somente fornecer dados informativos?

[André L. Fajan] O Controller não deve tomar decisões operacionais fora de sua área de atuação. Ele poderá influenciá-las através da análise dos dados e seu conhecimento dos processos.

[Ronnie de Sousa] Qual o melhor índice para mediar a eficácia de uma empresa?

[André L. Fajan] Entendo que não existe o melhor índice e sim um conjunto deles. Dependerá das metas que foram definidas para empresa. Por isto que hoje em dia, indicadores de desempenho são fundamentais para que as empresas possam definir metas, criar planos de ação e acompanhar a sua realização, de forma que, decisões possam ser tomadas para que as metas sejam atingidas.

[Ronnie de Sousa] Você acha que as áreas de Controladoria no Brasil estão equiparadas com a tendência das Controladorias no Mundo?

[André L. Fajan] Companhias multinacionais tendem a padronizar o “modus-operandi” de suas controladorias no mundo. Mesmo assim, existem aspectos no Brasil que são específicos e que geram muita discussão e até atrasos em relação ao desenvolvimento desta área.

Como exemplo, nenhum país do mundo é tão complexo em relação a legislação tributária quanto o Brasil. Se fizermos uma comparação dos custos da Controladoria no Brasil com outros países do mundo, vamos ver que somos  mais caros, em função de dedicarmos mais horas com a parte de escrituração, apuração e geração de obrigações acessórias que os demais países.

Em contra partida, a convergência implementada com a Lei 11.638 e os padrões IFRS mudaram a nossa realidade, nos aproximaram do padrão das Controladorias internacionais.

Como estamos em um país muito burocrático, as Controladorias no Brasil gastam mais tempo com atividades operacionais, que muitas vezes são obrigatórias e que, não agregam valor ao negócio.

De certa forma, entendo que as empresas estão mudando a forma de trabalhar rapidamente,  dando mais importância aos processos, a padronização e aos controles internos o que com certeza nos equiparará com as companhias no resto do mundo.

[Ronnie de Sousa] Qual o futuro da Controladoria em sua opinião?

[André L. Fajan] Com a globalização, as empresas estão cada vez mais integradas, buscando eficiência, ou seja, obter melhores resultados com menos custos.

O grande desafio da Controladoria no futuro será adaptar os processos de forma que possam ser utilizados em qualquer parte do mundo de forma padronizada.

Com isto entendo que, a Controladoria do futuro (não tão distante), terá parte de suas atividades operacionais desenvolvidas em grandes centros de serviços compartilhados, em qualquer parte do mundo que ofereça menor custo e maiores benefícios e se concentrará mais nas atividades de planejamento e suporte ao negócio.

[Ronnie de Sousa] Conclusão

[André L. Fajan]  Estamos em um mundo globalizado e em constante transformação.

O desafio de hoje não será o mesmo de amanhã e a Controladoria com certeza estará incluída neste contexto. A visão que as organizações tinham, no passado, de que a Controladoria era área que sempre diz “não” e que é inflexível diante das necessidades do negócio acabou.

As mudanças estão em ritmo frenético e a Controladoria tem avançado muito no sentido de melhorar a qualidade e clareza das informações e sendo um parceiro indispensável para o desenvolvimento da organização

André Luiz Fajan: Bacharel em Administração de Empresas pela Unfei; MBA Administração Financeira USP. Atuando a mais de 20 anos na área financeira em empresas multinacionais, como Alcoa Alumino, Unilever e Linde Gases.

 Ronnie de Sousa : Contador, Auditor Interno sócio fundador do Portal Essência Sobre a Forma (www.essenciasobreaforma.com.br)