Praticamente mudou tudo o que se conhecia na contabilidade. A grande alteração está no conceito, pois passa a prevalecer a essência sobre a forma quando do registro contábil

Por Vagner Jaime Rodrigues

A nova contabilidade brasileira, que está em vigor desde o final de 2007, traz alterações nos balanços das empresas de grande porte desde lá. Só que, há um ano, também atingiu as pequenas e médias. Sendo assim, há mudanças no que o investidor tem de analisar? Não, ele deve observar os mesmos itens anteriores. A metodologia de análise não se altera, somente deve considerar que a contabilidade agora traduz com mais precisão e de modo mais transparente a posição da empresa em estudo.

Ou seja, deve observar que os números apresentados, principalmente do ativo e passivo, representam valores de realização e não históricos como anteriormente. Devem, também, dar mais atenção às notas explicativas, pois o IFRS, neste aspecto, é mais exigente no conteúdo apresentado.

O IFRS tem como premissa priorizar a essência no lugar da forma, ou seja, leva em consideração os objetivos e expectativas dos administradores quando da tomada de decisão. Procura priorizar uma apresentação de números mais transparentes e que possa refletir efetivamente o momento atual da empresa.

Pela visão do investidor, essa mudança é excelente, pois ele poderá analisar e comparar as alternativas de investimentos em empresas situadas em diversos países. Ter a nossa contabilidade harmonizada com a praticada na maioria dos países traz benefícios não só para o investidor, mas também para as próprias empresas, que podem buscar com maior transparência recursos externos. A harmonização garante uma decisão de investimento mais assertiva, pois consegue avaliar com mais precisão a performance e a saúde financeira e econômica das empresas analisadas.

Praticamente, com a adoção dessa nova contabilidade, mudou tudo o que se conhecia. A grande alteração está no conceito, pois passa a prevalecer a essência sobre a forma quando do registro contábil. A forma, o momento e o valor dos registros contábeis passam a considerar as intenções do legislador e não o fato em si. O contador deve agora buscar entender quais as reais intenções dos legisladores e, com base nelas, definir a forma de registro contábil.

Este conceito gera maior transparência da situação econômica e financeira da empresa, pois procura refletir as decisões estratégicas tomadas pelos administradores e os impactos que estas trazem para o negócio.

Sabemos que o objetivo das demonstrações contábeis nunca foi apresentar somente o lucro líquido alcançado pelo negócio. Afinal, esse indicador é estático e representa somente uma informação financeira. O investidor considera outros dados para tomada de decisão quando avalia um balanço. Há mais aspectos financeiros a serem observados e, principalmente, parâmetros econômicos, como rentabilidade, estrutura de capital e capacidade de liquidez, dentre outros.

Os investidores também passam a ter agora uma estrutura conceitual para as notas explicativas alinhadas com as praticadas mundialmente, de maneira a facilitar o entendimento do negócio e do seu resultado, facilitando, assim,suas tomadas de decisões.

Vagner Jaime Rodrigues é mestre em contabilidade, sócio da Trevisan Outsourcing e professor da Trevisan Escola de Negócios.

E-mail: jaime@trevisan.com.br.

Fonte: Administradores.com